Muito triste toda essa avacalhação em torno do 14º Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Tenho amigos e filhos de amigos que estão muito chateados, pois passaram horas do último fim de semana debruçados em cima de 180 questões para, agora, assistir a esse carnaval. Sem falar no tempo de dedicação, preparo e estudo para as provas. O Enem é assunto muito sério. Não pode ser tocado de maneira tão irresponsável. Não pode ser tão difícil assim, já que, por exemplo, o Brasil é referência no trato das urnas eletrônicas em tempos de eleição. Mesmo que uma coisa pareça não ter nada a ver com a outra, são assuntos de responsabilidade do poder público e que mexem com a vida de milhões. Ao que parece, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), responsável pelo Enem, devia tomar umas aulas com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Se o Inep levasse o Enem a sério como a Camila, moradora do Bairro Sagrada Família e moça muito querida, a história seria outra. Camila, que acaba de completar 18 anos, até adoeceu na semana que antecedeu às provas. Passou dias com febre, inflamação na garganta e preocupação. Há meses, desde o início do ano, deixa de lado o lazer para se dedicar aos estudos. Pretende cadeira nas salas de Engenharia química da UFMG. Centrada, orgulho dos pais, há tempos vem se preparando para a universidade. Só para o amigo leitor ter uma ideia, no ano passado, treinante, conseguiu passar no vestibular da Federal. Queria ganhar experiência, saber como é o vestibular. Enquanto outros jovens de sua idade estão na balada, Camila estuda. Não por pressão ou cobrança da família. Estuda porque aprendeu cedo que é esse o caminho dos homens de bem. Esse Inep parece ter esquecido isso. Talvez se o instituto consultasse a menina Camila reaprendesse algo sobre educação e dignidade.
De volta à universidade, estou muito ligado aos estudos. Vejo de tudo. Outro dia, Osmar e Sueli estavam discutindo sobre as diferenças entre o jovem que estuda e o que não quer saber da escola. Rendeu boa meia hora o assunto. Fiquei no canto, calado, só ouvindo e tomando nota (os amigos já até estão acostumados com a minha mania de anotar tudo). Depois, em casa, fui reler e refletir sobre o assunto. A Sueli tem toda razão quando entende que o gosto pelo estudo não está ligado diretamente com os recursos financeiros da família. Está assim de rico que não gosta de estudar e pobre que tem gosto pelos livros. Conheço gente assim aos montes.
O dinheiro ajuda, é verdade. Mas, sabemos todos, não compra postura. Buscar conhecimento, para mim, é questão de postura. Tem gente que leva boa parte da vida para entender isso. Não conheço uma só pessoa de pouco recurso que, querendo de verdade, não tenha conseguido estudar e avançar na vida. E não vale dizer que não pôde estudar porque teve que começar a trabalhar cedo. As salas de aulas de todo o Brasil estão abarrotadas de trabalhadores que se desdobram em três turnos. O segredo é a vontade. Quando não há vontade, postura, o sujeito se atrapalha na vida. Como o Enem hoje, grande avacalhação, vexame nacional.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 10/11/10
Se o Inep levasse o Enem a sério como a Camila, moradora do Bairro Sagrada Família e moça muito querida, a história seria outra. Camila, que acaba de completar 18 anos, até adoeceu na semana que antecedeu às provas. Passou dias com febre, inflamação na garganta e preocupação. Há meses, desde o início do ano, deixa de lado o lazer para se dedicar aos estudos. Pretende cadeira nas salas de Engenharia química da UFMG. Centrada, orgulho dos pais, há tempos vem se preparando para a universidade. Só para o amigo leitor ter uma ideia, no ano passado, treinante, conseguiu passar no vestibular da Federal. Queria ganhar experiência, saber como é o vestibular. Enquanto outros jovens de sua idade estão na balada, Camila estuda. Não por pressão ou cobrança da família. Estuda porque aprendeu cedo que é esse o caminho dos homens de bem. Esse Inep parece ter esquecido isso. Talvez se o instituto consultasse a menina Camila reaprendesse algo sobre educação e dignidade.
De volta à universidade, estou muito ligado aos estudos. Vejo de tudo. Outro dia, Osmar e Sueli estavam discutindo sobre as diferenças entre o jovem que estuda e o que não quer saber da escola. Rendeu boa meia hora o assunto. Fiquei no canto, calado, só ouvindo e tomando nota (os amigos já até estão acostumados com a minha mania de anotar tudo). Depois, em casa, fui reler e refletir sobre o assunto. A Sueli tem toda razão quando entende que o gosto pelo estudo não está ligado diretamente com os recursos financeiros da família. Está assim de rico que não gosta de estudar e pobre que tem gosto pelos livros. Conheço gente assim aos montes.
O dinheiro ajuda, é verdade. Mas, sabemos todos, não compra postura. Buscar conhecimento, para mim, é questão de postura. Tem gente que leva boa parte da vida para entender isso. Não conheço uma só pessoa de pouco recurso que, querendo de verdade, não tenha conseguido estudar e avançar na vida. E não vale dizer que não pôde estudar porque teve que começar a trabalhar cedo. As salas de aulas de todo o Brasil estão abarrotadas de trabalhadores que se desdobram em três turnos. O segredo é a vontade. Quando não há vontade, postura, o sujeito se atrapalha na vida. Como o Enem hoje, grande avacalhação, vexame nacional.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 10/11/10
Um comentário:
Esse é o governo que a maioria dos brasileiros escolheu para ficar por mais quatro anos. Viva a democracia e a burrice coletiva do nosso povo!
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