Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Cuidado com a taturana-carneiro


Ela chega de mansinho, como quem não quer nada. Aconchega-se nas plantas ornamentais e frutíferas, assim como nos cantos das cadeiras, mesas e arranjos dos quintais. Ao simples contato com a pele humana, por mais leve, libera toxinas – substâncias que causam queimaduras. É a taturana-carneiro. A consequência no corpo depende da intensidade do contato. Em geral, a queimadura provoca dores, inchaço no local e febre. O alerta, amigo leitor, vem do sufoco que passamos dia desses com uma dessas sujeitas lá em casa. Violeta, grávida de 35 semanas, foi pegar uma cadeira e, escondida sob o assento, uma dessas lagartas queimou-lhe a mão.

Ela não viu o bicho peçonhento, no casulo. Ao sentir a queimadura, forte, “infernal”, largou a cadeira sem saber o que havia acontecido. Pensou abelha, marimbondo… até escorpião achou que pudesse ter sido. A dor, em minutos, aumentou e foi tomando conta de todo o braço. Preocupada, fez contato comigo, dizendo que estava achando melhor ir ao médico. Fui às pressas para casa e, orientados pela doutora Ana Lúcia – médica que tem acompanhado a gravidez –, fomos para o Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, na Avenida Alfredo Balena.

Lá, fomos muito bem atendidos pelo setor de toxicologia. Aliás, é importante dizer, que o João XXIII é referência nacional em traumas físicos de todas as urgências. Já ouvi falar muito da estrutura de eficiência para casos de extrema complexidade. Tem até heliporto com equipes prontas para cirurgia de qualquer natureza, 24 horas. Até os acadêmicos e residentes de lá agem como veteranos. Nosso caso era relativamente simples, graças a Deus. Ainda assim, Violeta foi atendida por uma equipe extremamente cuidadosa: Thais, Maria Helena e Zaine Calil – médicas experientes ou acadêmicas, não sei… tão competentes fica até difícil saber. E pela enfermeira Marcilene, expert no trato com os doentes.

Havia um doutor, chefe de plantão, muito sério e eficiente também, se desdobrando para dar conta de todos os atendimentos daquele 25 de agosto. Como não sabíamos qual bicho, de fato, havia agido em contato com a mão de Violeta, a orientação médica, depois dos primeiros socorros – limpeza do local e remédio para aliviar a dor – era um mínimo de 6 horas, no HPS, em observação. Prudência. Está certo. Não dá mesmo para facilitar em casos assim. Em casa, a mãe de Violeta conseguiu localizar a lagarta na cadeira e enviar fotografia por meio do celular. Pela imagem não deu para ter certeza. Voltei em casa e trouxe o bicho para o HPS.

“É uma lagarta-carneiro”, identificou a jovem doutora. Assim, fomos liberados mais cedo, logo que as dores de Violeta diminuíram. Mais tarde, soube do Pedro Henrique, colega, morador de Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que essas lagartas são bem comuns na região. A taturana é uma fase no desenvolvimento do inseto que vai se transformar em mariposa ou em borboleta. Ela fica assim durante uns três meses. Durante esse período, temos que ficar muito atentos para evitar o contato. Os pelos do bicho, na verdade, são minúsculas cerdas que ele usa como defesa. Fica a dica para que os amigos não passem pelo sufoco que passamos. E vale ressaltar: em casos assim, de urgência, João XXIII.

Bandeira Dois - Josiel Botelho

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