Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Dos segredos da alcova


Na reta final da gravidez da Violeta – estamos na 37ª semana – o cineminha já não tem sido com a regularidade de costume. Domingo, depois de quase um mês de abstinência, fomos ver Um divã para dois, do diretor David Frankel – o mesmo de O diabo veste prada (2006). Programa da melhor qualidade. Um divã para dois é ótimo filme, que merece ser visto pelo amigo leitor. Não poderia deixar de dividir, aqui, um pouco das boas gargalhadas e emoções provocadas pela fita. No elenco, dois grandes atores capazes de prender a plateia do início ao fim da trama: Meryl Streep e Tommy Lee Jones. Que “química” tem esses dois veteranos de Hollywood – costumam chamar “química” quando os artistas se completam em cena. Impressionante!

Poucas vezes nessa vida de cinéfilo vi dois sujeitos tão alinhados na tela. Está certo que a Meryl Streep é a Fernanda Montenegro dos norte-americanos. Tudo o que ela faz, o faz brilhantemente bem, com uma capacidade extraordinária de se transformar de acordo com a necessidade de cada personagem. No entanto, crítico amador, atrevo-me a afirmar que ela se supera a cada história. Desde A escolha de Sofia, de 1982, não perco um filme da atriz. Não esqueço Entre dois amores (1985), Um grito no escuro (1988), A casa dos espíritos (1993), As pontes de Madison (1995) – até hoje, ao menos uma vez por ano preciso rever essa fita, dirigida e estrelada pelo Clint Eastwood – As horas (2002), Julie & Julia (2009), A dama de ferro (2011), para citar apenas alguns.

Já o Tommy Lee Jones, devo confessar, nunca esteve entre os meus atores prediletos. Mesmo tendo feito com muita competência O fugitivo (1993), com Harrison Ford, MIB - Homens de preto (1997), com Will Smith e Onde os fracos não têm vez (2007), fitão dos irmãos Joel e Ethan Coen. Contudo, é de tirar o chapéu a interpretação de Jones nesse Um divã para dois, na pele do rabugento Arnold – um marido sistemático e quadradão, que redescobre cheia de vida a mulher Kay, infeliz no enlace. Meryl Streep, como sempre, melhor e mais madura, é capaz de ações em cena de deixar na chinela muita jovem estrela. O desprendimento da atriz nas cenas mais difíceis e picantes é de chamar a atenção até do espectador mais desatento.

Juntos ou separados, a fome e a vontade de comer, Jones e Streep, na tentativa de salvar o casamento de mais de 30 anos, protagonizam cenas hilariantes de forte apelo íntimo. O momento em que os dois fazem o exercício do abraço, então, é impagável. Há ainda uma tentativa de sexo no escurinho do cinema que vale o ingresso. Só dois atores de tamanha estatura para dar conta de tamanha entrega. Poderia citar aqui, pelo menos, mais meia dúzia de cenas excepcionais, cheias de verdade, vivenciadas pela dupla. Melhor segurar a empolgação para não atrapalhar o leitor que ainda não viu o filme. Fica a dica de Bandeira Dois, especialmente, para os casais que há muito não se divertem na alcova.

Bandeira Dois - Josiel Botelho

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