Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 1 de junho de 2011

De novo e outra vez


Não para de render a coluna da semana passada – “O Brasil do jeitinho brasileiro”. Não houve outro assunto entre os amigos da praça e exemplos não faltaram para a tal de “Lei de Gérson”, que explicamos neste quintal. Muita conversa, muito debate, tudo de novo e outra vez, mas numa coisa concordamos todos: o Gérson, jogador de futebol, nada tem a ver com a força negativa que a propaganda da tal marca barata de cigarro, lá nos anos 1970, ganhou. Até – pelo que se sabe – o Gérson é sujeito honrado, que merece respeito. Especialmente, por figurar com destaque na história do futebol brasileiro. Não merece ser lembrado mais a miúdo pelo comercial: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também”. Mesmo porque, quem escreveu isso, certamente, foi um publicitário desses especializados no consumidor. E por mais esperto que tenha sido, é bem pouco provável que tenha imaginado o alcance de sua obra.

O fato é que, 35 anos depois, a questão rende. E como rende. O Plínio e o Amadeu que o digam. Os dois companheiros de batente tiveram que dar explicações sobre nossa última Bandeira dois. O Amadeu insiste em espinafrar os piolhos e pirueiros espalhados por Belo Horizonte e Região Metropolitana. “Escreve aí, Josiel. E pode publicar no Aqui. Vou repetir: pirueiro e piolho não só avacalham o trabalho honesto de muita gente, como também colocam em risco o pobre usuário do transporte clandestino. A gente passa por fiscalizações regulares e ai da gente se o carro não estiver nos conformes. Esse povo na ilegalidade roda de qualquer jeito. Até com pneu careca eu já vi. Sem falar que só andam chutados para fazer mais viagens. O usuário acha que está pagando mais barato, levando vantagem, mas está é colocando a vida em risco. E o pior: contribuindo para que outros desavisados façam o mesmo”, disse.

O Plínio tomou a fala e pediu registro: “Acho que não entenderam o que eu disse. Eu quis dizer que entendia um amigo que, passando o maior sufoco, colocou o carro dele, novo, para rodar e garantir a comida em casa. Não disse que o transporte clandestino é legal. Menos ainda que o apoio. Sei bem o tamanho desse problema. Talvez não tenha falado da maneira mais correta, porque só sei falar do meu jeito. Então, que fique bem claro que sou contra qualquer tipo de piruagem ou piolhagem, ok!?”. Pobre Plínio. A turma não perdoou e caiu em cima dele quando defendeu velho amigo que atuou como pirueiro por um ano em BH. O Osmar e o Adelson também entraram na pauta e, em coro, disseram que não tem colher-de-chá para pirueiro. “Nessa questão, o que está certo está certo e o que está errado está errado. Ponto final”.

O assunto é para mais de metro. Ainda mais quando voltamos ao caso citado pelo Amadeu, que soube de um vizinho que comprou carro com desconto especial em nome de parente deficiente. Aí, vieram exemplos e mais exemplos de gente que deu um jeitinho para levar alguma vantagem: carteirinhas falsas de estudante para pagar meia entrada em casas de shows e cinemas; abuso de autoridade policial e política. Uma vergonha. Descobrimos, ali, que cada um tinha ao menos um caso bem próximo para contar. “É. Danado esse povo brasileiro”, disse o Amadeu. “Em parte”, rebateu o Plínio. Foi aí, que começou tudo outra vez.

Bandeira Dois - Josiel Botelho - 1/6/11

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