Com a cabeça na guerra contra o tráfico, no Rio de Janeiro, impossível não deixar o lápis correr solto na caderneta de papel pautado. Já foram folhas e mais folhas de riscos e rabiscos com turbilhão de ideias e impressões. É assunto difícil. Dos mais difíceis, para falar a verdade. Contudo, devo confessar, que, com todas as imagens que tenho acompanhado, não consigo pensar em outra coisa. Fala-se muito, entre os meus amigos e companheiros de prosa, nos efeitos do filme Tropa de Elite. Mas, ontem, no aguardo do batente, tratamos o tema por outro lado.
Tudo começou quando o Oswaldo disse que a imagem que mais o impressionou nos últimos tempos foi aquela de dezenas de traficantes fugindo da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão. Para o Adelson também: “Só ali, naquela estradinha, eram mais de 200 bandidos, armados até os dentes. Nunca vi nada parecido. Imaginem, então, quantos mil não estão ali, entre os trabalhadores do lugar”, comentou. O Juarez também estava empolgado e não podia deixar de participar: “Velho, viu só a quantidade de moto roubada? Mais de 300. Li que encontraram armamento pesado, de guerra, e mais de 40 toneladas de droga. E o casão de luxo de um traficante casca grossa lá? Piscina e banheira de hidro. Um luxo que mais parecia coisa de bacana”.
A Sueli – sempre ela – estava mais preocupada com a situação do povo de bem que deve estar comendo o pão que o diabo amassou com a operação: “Não tô falando que essa força toda não é necessária. Tô dizendo é que tem que tomar muito cuidado porque 99,9% do povo que mora nas favelas é gente honesta, trabalhadora. Vi pela televisão muito morador reclamando de abuso por parte da polícia. Isso, na minha opinião, é um absurdo”. Ninguém tirou a razão da companheira. Sabemos todos que, de fato, a situação é muito complicada. Fiquei tomando nota de tudo porque queria pensar melhor a respeito. Em casa, no silêncio do eu sozinho, penso melhor sobre o que precisa ser pensado. Lição do velho Botelho: “Reúna os seus eus, meu filho. Juntos, garanto, vocês vão pensar melhor”. E como Bandeira dois é comprometimento sério, só mesmo com a presença reforçada para liberar o texto lá para a redação do Aqui.
Aí, com a galera toda reunida, pensei no outro lado da guerra. No antes de toda essa situação. Na falta de oportunidades. Fiquei com a imagem de todas aquelas criancinhas, sem culpa, expostas a todo tipo de azar. Ninguém vem ao mundo bandido. Violeta e eu conversamos muito sobre isso. A questão é bem maior que expulsar, prender ou eliminar traficantes pés-de-chinelo Rio adentro. E o marginal de gravata? E a bandidada que atua, cercada por seguranças, nos condomínios de luxo? E os bandos corruptos, aos montes, que vivem às custas do patrimônio público? É. Vai ser preciso muita vontade política para ir além do cerco às comunidades em crise Brasil afora.
Tudo começou quando o Oswaldo disse que a imagem que mais o impressionou nos últimos tempos foi aquela de dezenas de traficantes fugindo da Vila Cruzeiro para o Complexo do Alemão. Para o Adelson também: “Só ali, naquela estradinha, eram mais de 200 bandidos, armados até os dentes. Nunca vi nada parecido. Imaginem, então, quantos mil não estão ali, entre os trabalhadores do lugar”, comentou. O Juarez também estava empolgado e não podia deixar de participar: “Velho, viu só a quantidade de moto roubada? Mais de 300. Li que encontraram armamento pesado, de guerra, e mais de 40 toneladas de droga. E o casão de luxo de um traficante casca grossa lá? Piscina e banheira de hidro. Um luxo que mais parecia coisa de bacana”.
A Sueli – sempre ela – estava mais preocupada com a situação do povo de bem que deve estar comendo o pão que o diabo amassou com a operação: “Não tô falando que essa força toda não é necessária. Tô dizendo é que tem que tomar muito cuidado porque 99,9% do povo que mora nas favelas é gente honesta, trabalhadora. Vi pela televisão muito morador reclamando de abuso por parte da polícia. Isso, na minha opinião, é um absurdo”. Ninguém tirou a razão da companheira. Sabemos todos que, de fato, a situação é muito complicada. Fiquei tomando nota de tudo porque queria pensar melhor a respeito. Em casa, no silêncio do eu sozinho, penso melhor sobre o que precisa ser pensado. Lição do velho Botelho: “Reúna os seus eus, meu filho. Juntos, garanto, vocês vão pensar melhor”. E como Bandeira dois é comprometimento sério, só mesmo com a presença reforçada para liberar o texto lá para a redação do Aqui.
Aí, com a galera toda reunida, pensei no outro lado da guerra. No antes de toda essa situação. Na falta de oportunidades. Fiquei com a imagem de todas aquelas criancinhas, sem culpa, expostas a todo tipo de azar. Ninguém vem ao mundo bandido. Violeta e eu conversamos muito sobre isso. A questão é bem maior que expulsar, prender ou eliminar traficantes pés-de-chinelo Rio adentro. E o marginal de gravata? E a bandidada que atua, cercada por seguranças, nos condomínios de luxo? E os bandos corruptos, aos montes, que vivem às custas do patrimônio público? É. Vai ser preciso muita vontade política para ir além do cerco às comunidades em crise Brasil afora.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 1º/12/10
Foto: Domingos Peixoto
Nenhum comentário:
Postar um comentário