De fato, o homem é mesmo de espantar, amigo leitor. Impossível compreender ou aceitar o assassinato do jovem cruzeirense Otávio Fernandes, de 19 anos, flagrado pelas câmeras de segurança do Chevrolet Hall. As cenas divulgadas pelas tevês, que caíram na internet, chocam pela monstruosidade e covardia do crime. Enquanto agonizava no asfalto, agressores pisoteavam e massacravam o garoto. Não há, entre os meus companheiros, um só bom torcedor atleticano ou cruzeirense que não esteja revoltado com a atrocidade do ocorrido.
O Adelson, apaixonado pelo Galo, está possesso: “Isso não é torcida organizada. É quadrilha organizada. Isso não tem nada a ver com as provocações sadias que, na minha opinião, até devem existir entre os rivais. É crime. Não é coisa de torcedor que sabe honrar a camisa do seu time. Torcedor que faz isso mancha a honra do clube. Não é possível que esse povo não tem consciência de que isso é péssimo pra imagem da torcida. Isso não é torcer nem aqui nem na China. Estou revoltado, Josiel. E justamente porque sou Galo desde que nasci. Na minha família todo mundo torce pro Galo e tá todo mundo revoltado também”.
Não tem se falado noutra coisa por esses dias. Oswaldo e Klebinho, torcedores do Cruzeiro, de carteirinha, homens de família e de bem, estão bastante atentos à onda de violência entre torcedores. Conscientes, falaram e chamaram a atenção em ponto de encontro da Avenida do Contorno. O Klebinho sabe das coisas: “É preciso primeiro separar o joio do trigo. Tem cruzeirense que não presta, tem atleticano que não presta. Mas a grande maioria gosta mesmo é da festa. A gente tem que tomar cuidado para não generalizar e não deixar isso contribuir ainda mais com a violência. Tem muito garoto perdido, influenciável por aí. Aí, surge um grupo que prega a pancadaria. Pronto”.
O Oswaldo não perdoa é o vale-tudo: “Vivo falando que essa pancadaria não pode fazer bem. Vocês viram só a pinta do povo que vai ver esse negócio de vale-tudo? Deu no que deu. Se a pessoa não tem juízo acaba contaminada por esse negócio de dar porrada. O povo tá precisando é de mais educação. Enquanto essa garotada não tiver mais educação e responsabilidade, crimes horríveis assim, como essa barbaridade lá na Avenida Nossa Senhora do Carmo, vão acontecer. Escreve isso aí, Josiel. O Aqui tem muita força pode até ajudar a dar mais consciência”. Está escrito, Oswaldo.
Fico com muita pena das famílias dos envolvidos na morte do Otávio Fernandes. Nenhum pai, nenhuma mãe, cria o filho para dar nisso. Família nenhuma merece passar por isso: ver o filho caçado pela polícia e indo parar no xilindró. Criamos os filhos para o mundo e o mundo anda por demais violento. Viver tem se tornado cada vez mais perigoso. Aos familiares da vítima, pobre garoto, nossos sentimentos (colegas da praça). Se não criamos nossos filhos para agredir, menos ainda para fim tão triste, espancados por bando do mal e sem nenhuma chance de defesa.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 15/12/10
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