Sou grande fã da Maria da Penha Maia Fernandes (foto), nascida em 1945. A Lei Maria da Penha é uma homenagem à história de luta da farmacêutica, que sofreu horrores nas mãos do marido. O sujeito atentou contra a vida da boa companheira, mãe de suas três filhas, duas vezes. Por fim, acabou indo parar atrás das grades. Maria, vítima de um tiro disparado pelo mau elemento, ficou paraplégica e mudou a história da luta pelos direitos das mulheres no Brasil. Recorro ao nome dessa grande brasileira para compartilhar com o amigo leitor parte da minha revolta com a violência que abate o sexo que nos dá o mundo. Não há o que justifique em qualquer lugar do planeta – aqui ou na China – maus-tratos contra a mulher. É vergonhoso. No Brasil, li que 70% das mulheres assassinadas foram vítimas de seus companheiros. Sete em 10 mulheres, amigo leitor! É de perder o sono.
Tenho conversado com muitos amigos sobre o assunto. Não há em meu círculo de amizades um só companheiro que não pense como eu: toda mulher merece respeito. Mesmo porque, sinceramente, se houvesse entre meus amigos alguém que praticasse violência contra a mulher, este, certamente, não seria meu amigo. Já dispensei conhecidos nervosinhos demais com suas companheiras. Teve até um sujeito, do Bairro Nova Granada, que vivia ameaçando a namorada. Até que um dia, numa festa de fim de ano no sítio da família do Oswaldo, o camarada bateu na moça. Aí, não deu outra: Maria da Penha nele! O casal rompeu e a garota até mudou de cidade de tanto desgosto. Ano passado, soubemos que ela está bem. Está casada com um bom moço que conheceu em São Paulo, durante um curso de informática, e está feliz da vida. Já do agressor, punido justamente pela lei, nunca mais tivemos notícia.
É preciso denunciar. Essa história de que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher” é besteira. Quando há descaso, maus-tratos e violência de qualquer natureza, é preciso meter a colher sim. Tem que denunciar. Já ouvi demais, vindo dos cotovelos, que a mulher, quando é desrespeitada e, ainda assim, fica ao lado do seu algoz é porque gosta de sofrer. Conversa fiada. Não é preciso ser especialista no tema para saber que não é nada disso. Quem ama não maltrata. Não mata. Cuida. É preciso tocar a consciência das pessoas. Envolver ainda mais e organizar a sociedade para combater duramente, com todas as forças, o problema. Há uma mudança cultural em curso, é verdade. Mas ainda é muito lenta. São muitas as moças que seguem a dormir com o inimigo, vítimas silenciosas da estupidez, da ignorância. E para que ficar ao lado de alguém que não merece ser amado?
A Lei Maria da Penha não é apenas para punir. É para ensinar e cuidar, principalmente. Durante décadas, mulheres de todas as classes sociais sofreram com a falta de amparo legal direto, eficaz. Desde agosto de 2006, graças à luta da farmacêutica cearense, os nervosinhos e machões de plantão foram obrigados a avançar como gente, a crescer na vida. Infelizmente, ainda há muita estupidez humana espalhada por aí – basta ressaltar o alto índice de criminalidade contra a mulher. Mas muito pior seria sem as medidas protetivas dos dias atuais. A dor do relacionamento amoroso interrompido, por maior que seja, não pode ir além da razão e sufocar a boa conduta. Perto ou longe, junto ou separado, amar de verdade é querer bem. Simples assim.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 8/2/12
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