Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O fim do mundo já é



Catástrofe desmedida, por enquanto, só no cinema. Cientistas da Nasa, que parecem saber tudo o que ocorre no espaço, garantem que o mundo não vai acabar na próxima sexta-feira, conforme a suposta e temida profecia maia. Até porque, amigo leitor, nada me tira da cabeça que o mundo já começou acabar faz tempo. E o que para muitos pode ser o fim, talvez, quem sabe, seja apenas um novo começo. Uma chance para uma nova era, sem tanto desperdício de vida. Verdade seja dita, o homem anda para lá de para trás, tomado por tanta violência, ganância, miséria, corrupção e cegueira. Sem falar na destruição da natureza, desintegração iminente do planeta, da vida. É tanta ação assombrosa que envergonha os continentes, que não seria de estranhar se o criador do céu e da terra resolvesse renovar os ares entre os polos.

Aliás, sou levado a crer que Ele, grande mestre de todos os mares, responsável pelos brotos e pela queda de todas as folhas, não anda de braços cruzados lá em cima. Há muito, em todas as rodas da praça, troco ideias com passageiros das mais diferentes crenças e atitudes. Ouço, rabisco e reescrevo impressões. Tomo nota disso e daquilo. Depois, leio, releio, e alguns dos pensamentos – os que ficam – trago de volta à pena. Há uma transformação do bem em muitos corações de atitude, é fato. Quem está despertado para a vida, certamente, não vai se arrepender de dar valor ao instante. Por outro lado, também chama a atenção todos aqueles sujeitos que vivem como se o mundo já tivesse acabado. Uma pena. Viver, para quem sabe – e isso não tem nada a ver com dinheiro, acreditem – é um encanto.

Não tenho dúvidas de que o que fazemos da nossa vida ecoa pela eternidade. Certa vez, li que “uma gota no oceano não é gota. É oceano. Assim sendo, nós no universo… elementar, somos o universo”. Acreditar nisso é extremamente motivador. Contra o bem, a preguiça e a letargia, a falta de ação ou pensamento positivo são uma doença terrível, alimentada por dentro. O remédio é a coragem, é a fé. Por menor que sejam, “fé e coragem podem dar jeito no que parece não ter solução”, diz um sábio, velho conhecido. É de entristecer topar pela vida com gente sã, forte e cheia de futuro, prostrada, à espera de um milagre, de um sinal de Deus. Como assim? A vida é um milagre, amigo. Que sinal pode ser maior do que a própria presença, do que a vida que pulsa dentro de cada um? E o amor?

Ah, o amor… o amor é a salvação! Deus é o amor! Acredito com todas as forças que o maior atraso da humanidade é a busca de Deus fora, longe, como um sujeito de poder inacessível, comercial. Não, amigo leitor, o Criador, Mestre do céu e da terra, Senhor de todos os mares, não pode estar fora. Ele está aqui, aí, dentro de cada um de nós. É o que o faz onipresente. As fatalidades não o afastam. Enterrei gente muito querida, próxima, jovem, que sucumbiu na doença. Vi pais e mães no choro mais doído, mais triste, de que já se teve notícia. Há muito entre o céu e a terra que foge ao nosso entendimento. O fim do mundo já é. Contudo, fica a certeza de que, como nas folhas das mais belas copas – ainda que breves –, há uma força, apanhado da razão, que nos mantém tomados de vida para todo o sempre.

Bandeira Dois - Josiel Botelho

Nenhum comentário: