Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
BH e a falta de educação
Nem é preciso ser crescido e criado em Belo Horizonte para ter opinião formada sobre a chuva que, entra ano, sai ano, promove o maior estrago na cidade. A tempestade de ontem, em menos de uma hora, fez correr perigo moradores de vários bairros. Tenho amigos no Prado que descreveram o ocorrido como “calamidade”. Teve gente que foi arrastada pela força das águas e muitos moradores e comerciantes tiveram prejuízos consideráveis. Graças a Deus nenhuma vida foi perdida. É a boa notícia em meio ao caos que se repete. Passado o temporal de segunda-feira, em casa, na calma das chinelas e com o céu mais manso sobre o telhado, desço a caneta na caderneta de papel pautado para discorrer o que penso sobre o assunto.
Em primeiro lugar, não dá para desconsiderar o adensamento urbano, com o crescimento desordenado da metrópole. Onde haviam casas, hoje, são prédios e mais prédios. Dentro da Avenida do Contorno, há até pontos – e conheço vários – em que predinhos de três e quatro andares deram lugares a torres com pisos a sumir de vista. Matemática simples essa: com o volume de lixo, de esgoto, de redes elétricas e de telecomunicação, mais o asfalto e o peso do concreto multiplicado somam muito mais do que o solo aguenta. Alguém tem dúvida disso? Basta contar as árvores perdidas – cortadas no toco ou mutiladas aos montes – em nome do progresso. Progresso? Que progresso é esse, amigo leitor?
Outro ponto polêmico do caos que toma conta da cidade com as chuvas é a falta de educação do belo-horizontino. Sei que vai render – toda vez que toco no assunto, chove reclamação, dizendo que estou generalizando. Mas não é isso. É claro que na cidade tem pessoas conscientes que fazem a sua parte. A minoria, infelizmente. Por isso, repito: a grande maioria não tem educação. Não sabe e não se importa com a cidade. É lixo espalhado por gente de todas as idades. Cansei de ver mocinho e mocinha jogar embalagens de picolés, balas e doces no chão, na presença dos pais, e ficar por isso mesmo. O Adelson, semana passada, comprou briga porque chamou a atenção de um garoto no zoológico. O rapazinho, de uns 12 ou 13 anos, jogou uma garrafa pet e um marmitex amassado na rua. E na frente da família, em piquenique, amontoada sob copa frondosa. “O pai do menino fingiu que não viu, Josiel. Vê se pode! E quando mostrei a lixeira para o garoto, o cara veio tirar satisfação comigo”.
Rodo muito e vejo coisas que me dão vergonha de ser desta cidade. Nos carros, por exemplo a coisa chega a ser criminosa. O camarada fuma, fuma e lasca a guimba pela janela. Outro dia, o carro da minha frente, no sinal, resolveu fazer uma faxina no possante e jogar o lixo sem nem olhar para fora. Fiquei de cara com a falta de consciência do indivíduo. Absurdo flagrado em toda a cidade, praticado por cidadãos de todas as idades e classes sociais. Já vi lixo voar de dentro de carro importado, de ônibus e caminhão. Será que não é de conhecimento público que o lixo é dos grandes responsáveis pelos problemas de escoamento das enxurradas? É o que diz sempre o velho Botelho: “Pior que o homem, só o homem.”
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 14/12/11
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