Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
O porco arrumadinho
“BH e a falta de educação”, texto publicado na semana passada, rendeu. “É cultural, Josiel. Tudo é uma questão de cultura”, ouvi de muitos. Pode até ser. Mas, como cidadão e pai de família, não posso aceitar que a falta de educação – que emporcalha e prejudica nossa cidade – seja algo sem solução. Mais um motivo para dar um basta no lixo que enfeia as ruas e entope bueiros, impedindo o escoamento das enxurradas. Já que o adensamento urbano não tem solução, precisamos aprender a lidar melhor com o lixo, com máxima urgência. Um triste fato: a cidade dos engarrafamentos está fadada a se transformar em concreto e pó de asfalto. “Vê se pode: para rodar 20 quilômetros, fico mais de duas horas por dia dentro do carro. Meia hora só para conseguir uma vaga para estacionar”, reclamou o Daniel, do Bairro Buritis.
A Silvana do Carmo espinafrou: “Minha rua no Bairro Caiçara é um lixo só. Estou cansada de ver gente jogando papel, sacola plástica, na calçada, Josiel. Cigarro, então, é um nojo. O povo fuma que nem desesperado e joga o toco em qualquer lugar, sem respeitar o direito de ninguém. Quer morrer, morre, mas não precisa sujar a cidade, que é de todo mundo. Outro dia, minha professora falou que as pessoas acham que a cidade é dever do poder público, que só a prefeitura é que tem que dar conta de deixá-la em ordem, sempre limpa e bem cuidada. ‘Em parte’, ela explicou. Porque a cidade também é obrigação de quem mora nela. Depois que a fêssora falou, fiquei pensando… é verdade. Ainda não tinha parado para pensar nisso. Agora, o problema é que, em Belo Horizonte, a maioria das pessoas mostra que não tem preparo nenhum para cuidar do que é público”. É, Silvana. É triste. Infelizmente, tenho que concordar que a maior parte dos belo-horizontinos é mesmo de doer.
Lúcia Helena, moradora da Avenida Augusto de Lima, no Barro Preto, enfermeira, participou por telefone: “A gente tinha que criar uma disciplina na escola voltada para os cuidados com o lixo e para a prática da gentileza urbana. Pais e filhos deviam cumprir duas horas por semana de matéria obrigatória sobre o assunto. Pode publicar isso, Josiel. Aliás, você bem que podia fazer uma campanha, né!?”. Estamos de sentinela, Lúcia Helena. Por uma BH mais limpa. É isso! O assunto rendeu também entre os companheiros de praça. Osmar, Adelson, Sueli, Oswaldo, Nenem, Arildo, Onofre e Zé Elias estão firmes no propósito de manter a cidade limpa. Estamos até fazendo uma vaquinha para distribuir uns adesivos educativos para carros.
Segunda-feira, debaixo da maior chuva, uma senhora de no máximo 50 anos, entrou no meu carro com um saco de biscoito. Comeu, comeu e depois, descaradamente, jogou o saco na rua, na Savassi. Só não parei porque tinha um ônibus na minha cola. “Minha senhora, tenho uma lixeira aqui na frente”, falei. Ela sorriu sem graça: “É o costume”. Agora, pense bem, amigo leitor: chovendo, a mulher abre o vidro e dispensa o saco no asfalto… na maior cara de pau do planeta. Isso é das poucas coisas que me tiram do sério. Tenho um passageiro, advogado, que adora mascar chicletes. Já perdi a conta de quantas vezes o vi embolar a goma na ponta dos dedos e jogar na rua. A cena é bizarra: o cara de terno, alinhadíssimo, dando peteleco em bolinha de chiclete no ar. E tem gente que acha exagero da minha parte. “Exagero, Josiel. O povo de BH até que é educadinho”, disse a Tia Eneida, domingo, na casa da Sueli. “Educadinho”, dona Eneida!? Educadinho é um porco arrumadinho.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 21/12/11
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Um comentário:
Acho que é uma questao de geracoes, na minha familia ja briguei com os meus pais por jogarem papelmde bala na rua. Percebo que pessoas da minha idade naontem esse habito.
Agora o cigarro é um problema mesmo, nunca vi ummfumante se deslocar ate a lixeira para jogar o toco.
Abracos Jeff!
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