Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Você é livre?

Entre as coisas boas que chegam com o entrar dos anos, certamente, está a liberdade de espírito. A cada aniversário que somamos, no mínimo, mais livres temos a obrigação de viver. Neste quintal, na semana passada, falamos muito em liberdade. O tema provocou muitos amigos leitores, que acabaram por comparecer com ideias que merecem ser compartilhadas. O Adauto telefonou e deixou recado na secretária eletrônica: “Josiel, estou ligando só para dizer que achei a coluna de hoje muito legal e que um homem livre é aquele que não tem rabo preso com ninguém. Escreve lá na coluna que deixei esse recado pra você. Depois, vai lá no Bar do Antônio. Ele disse que tem umas coisas sobre liberdade que ele gostaria de ver publicadas em Bandeira Dois. Abração”.

Sem demora, assim que ouvi a mensagem, passei no Bar do Antônio, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Foi perto da hora do almoço. Aí, aproveitei e mandei ver o prato feito de lá. Por sinal, muito bom. Colocamos a conversa em dia. O Antônio queria muito falar sobre liberdade. Ele teve caso triste de irmão preso como traficante de drogas. Maconha. O caçula da família, há cerca de 20 anos, foi preso na BR-040 com uns 300 gramas da erva. O rapaz disse que era para uso próprio, mas a história teve outras complicações e ele acabou preso, julgado e condenado a sete anos. Por bom comportamento, passou bem menos tempo na penitenciária. O fato é que o homem deixou o lugar “completamente transformado”. O Antônio disse que o tema da coluna foi o que bastou para que ele decidisse desembargar a garganta. Escolheu o nosso Aqui para tocar em assunto tão delicado. O quintal é seu, amigo.

“Quero, Josiel, se você puder anotar, falar um pouco do Luca lá no jornal. É que o Aqui tem muitos leitores e isso pode ajudar alguém. Vou dizendo do meu jeito e você passa para o português, tá bom!? No início, todos nós ficamos indignados com o jeito que tudo aconteceu. O Luca tinha 22 anos. Era um menino. Que ele usava maconha a gente desconfiava... mas vender, traficar, isso nunca passou pela nossa cabeça. O que eu sei é que, hoje, maduro, o Luca se tornou exemplo na família. Depois de tudo o que todo mundo lá em casa enfrentou, liberdade passou a ter muita importância para todos nós. Hoje, quando o Luca se levanta, a primeira coisa que ele faz é andar pela rua. Faz questão de sair para comprar o pão, todos os dias, para a mulher e para os filhos. Voltou a estudar, arrumou um bom emprego e vive falando sobre liberdade. O mais importante da liberdade, para ele e para mim, é poder acompanhar o crescimento dos filhos de cabeça erguida e com a consciência limpa”. Pronto, Antonio. Muito bom o recado.

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P.S.: No próximo sábado, dia 12, no Teatro Marília, às 20h30, tem espetáculo de teatro que toca em cheio no assunto liberdade: “Um inimigo do povo”, de Ibsen, é uma martelada em cheio na pluralidade dos homens e nas verdades da maioria.

Bandeira Dois - 9/11/11

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