Fui ao cinema ver Capitão América. Não podia deixar de assistir ao meu herói preferido dos quadrinhos em grande produção. Não sei bem o porquê da predileção, talvez pelo super escudo que sempre me impressionou pra burro. Incrível aquele escudo, não!? Parece um bumerangue mágico protetor. Era menino em Santa Efigênia, quando ficava no quintal brincando com o tampão da lata de lixo. Meu pai, um dia, vendo aquilo, ficou tão sensibilizado que me deu uma fantasia, com escudo e tudo. E isso fora de época. Não era Natal, meu aniversário nem Dia das Crianças. Na época, o Brasil ainda vivia sufocado pelo regime militar. Disso, fui saber depois. A famigerada ditadura fazia e acontecia lá fora e eu, em casa, guri, enfrentando vassouras, mesas e cadeiras. Anos mais tarde, fui entender porque o velho Botelho tinha tanto pavor das forças armadas.
A gente cresce e a cabeça da gente ganha novas ideias. Pouco mais crescido, fiquei pensando porque o Brasil também não tinha o seu Capitão América – já que os capitães de futebol nunca foram grandes heróis para os que me são caros. Hoje, então, menos ainda, com essa dinheirama que corre solta no mundo da bola. Mas isso é outra conversa. O fato é que a história de super-herói fazia a minha cabeça e isso durou ainda algum tempo. A pergunta continuava: onde estavam os super-heróis brasileiros? O velho Botelho, pai sempre muito atento, decidiu dar uma força e me levou para conhecer o batalhão do Corpo de Bombeiros. Foi uma emoção muito grande, aos 12 anos, conhecer o caminhão da corporação. Ali, para mim, naquela tarde, conheci heróis de verdade. Aí, saí de lá com plena convicção de que se no Brasil houvesse um Capitão América, ele, certamente, seria do Corpo de Bombeiros.
Toda esse hitória, resgatada na memória, voltou a me pulular os pensamentos depois de assistir ao novo Capitão América. Confesso que esperava bem mais do filme. Chega a ser bobo em muitos momentos – ou será reflexo da minha alma adulta envelhecida? Vai saber. No entanto, serviu-me especialmente para reviver os tempos de criança. A questão do patriotismo carregado que há no filme nem me incomoda. Natural. Em plena Segunda Guerra, não seria diferente para os americanos. Já a maioria dos brasileiros não sabe ser patriota e sabemos bem disso. Inacreditável que nossa bandeira e nossas cores tenham mais força apenas por meio dos esportes. Aqui, “Orgulho de ser brasileiro” é coisa da publicidade. Triste isso.
Violeta tem razão quando diz que o Capitão América do Brasil é o Capitão Nascimento. E isso fica ainda mais evidente no filme Tropa de Elite 2. O país precisa mesmo de um herói como o personagem da ficção do cineasta José Padilha. Para a bela e letrada Violeta, herói por essas bandas só mesmo um sujeito de coragem, honesto, que vai à luta para combater toda essa podridão que faz uso indevido de dinheiro público e faz piada o pobre trabalhador brasileiro. Por enquanto, caro leitor, só na ficção. Contudo, sigo na fé. Desculpe-me, Violeta, mas para mim, os heróis brasileiros continuam sendo os bombeiros de Minas, que, este mês, festejam seu centenário.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 10/8/11
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