Não sou especialista em cinema nem em religião. Longe de mim. Aliás, não sou especialista em nada, porque acho esse negócio de saber muito complicado. Os entendidos estudam, se preparam, têm conhecimento para pontuar uma ou outra questão, mas, no fundo, bem no fundo, a verdadeira arte se dá no encontro do objeto com o seu observador. Portanto, respeito os comentaristas profissionais, mas não mais do que o que há de particular na opinião de cada espectador. Existem as questões técnicas, é verdade, mas, honestamente, em relação à arte e às religiões, sou mais a mensagem. Se tem algo a dizer, beleza. Está valendo. E em matéria de ter o que dizer, esse As mães de Chico Xavier, em cartaz na cidade, é bom programa.
Não gosto do ritmo lento, arrastado e da musiquinha triste ao longo da fita. Parece que é forçar a barra em busca de emoção. Também tem algumas interpretações de doer. No entanto, amigo leitor, a mensagem que fica é de respeito e de valorização da vida. O recado está lá. Independentemente do credo de cada um – espírita, católico ou protestante, não importa. O que importa é que viver é bem precioso, destacado com inteligência nesse As mães de Chico Xavier. Natural que ao kardecista, conhecedor do tema e da filosofia, o filme toque mais profundamente. Também ao cidadão antenado com os assuntos da paz e do amor, sem dúvida, é de fazer pensar e repensar caminhos.
Violeta, Karla e eu, domingo, passamos toda a tarde debatendo religião. O assunto rendeu porque a Karla, sobrinha da Violeta, é moça letrada que gosta do tema. Conhece bem a Igreja Católica, assim como os evangélicos e a doutrina espírita. Violeta e eu falamos, mas, na presença da Karla, fomos levados a ouvir muito mais. Até tomei nota de trecho e pedi permissão para reproduzi-lo, aqui, em nosso quintal:
“Tem muita gente que confunde religião com negócio. O fiel vira cliente. Conheço protestantes e católicos cegos, que aceitam informação que vem pronta, sem debate ou discussão. Culpa, pecado… bobagem. Isso tudo é invenção do homem. Confessar, dar dinheiro, campanha disso, campanha daquilo, coleta aqui, ali… na maioria das vezes é negócio. Para mim, o homem precisa muito mais de inteligência, de conhecimento, do que de igreja. E isso não tem nada a ver com fé. Não podemos perder a fé, mas não podemos deixar que ninguém faça disso moeda de troca. Solidariedade, compaixão, isso é outra coisa. Conheço muita gente que vive para ajudar os outros e não exige absolutamente nada em troca. Vive de fazer o bem pelo bem, apenas”.
Violeta completou: “As igrejas, de maneira geral, abusam porque sabem que, em meio às dificuldades provocadas por problemas sociais graves, como miséria e violência, têm papel importante para o indivíduo. Afinal, como o Josiel sempre diz, ‘mais vale um fanático com a Bíblia na mão do que um viciado com um cachimbo de crack na boca’”. E a conversa rendeu. Até que voltamos ao filme e concluímos que em As mães de Chico Xavier, mensagem de amor é o que fica.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 6/4/11
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