
Esta semana, de pernas para o mar, em Marataízes, aluguei o lançamento “Além da vida”, em DVD. Uma trama que tinha tudo para ser excelente. A começar pelo elenco: Liam Neeson (A lista de Schindler), Christina Ricci (A família Addams) e Justin Long (Amor à distância). Gênero também: drama, mistério e suspense. Meus prediletos. Coloquei a fita pra rolar na maior empolgação. Pipoca, suco de caju, boa companhia, tudo preparado pra fim de noite inesquecível. Só que, amigo leitor, o filme é um horror. É ruim que só a gota. Violeta caiu no sono logo. E eu ali, grudado na tela plana. Minuto a minuto. Pensava: “Agora vai melhorar…” E nada. Ficava cada vez pior. Foi de lascar. A culpa nem é da direção. O roteiro, a história, é que é de doer.
Esse Além da vida é, sem dúvida, o segundo pior filme que vi na vida. O campeão disparado é Sou feia mas tô na moda (2005), da brasileira Denise Garcia. Esse é imbatível. Contudo, aprendo muito com os filmes. Além da vida, sinceramente, me roubou a madrugada. Passei boas horas, sem sono, a pensar e repensar a trama da estreante Agnieszka Wojtowicz-Vosloo (difícil o nome da diretora polaca, né!? Pois é). Fiquei cá, com os meus botões a tentar entender o que a cineasta quis dizer com aquela história tão ruim, acolhida por produção tão caprichada. Aí, mandei ver a caneta na folha de papel pautado.
Dá pano para manga o argumento da morte. O filme de Agnieszka deixa um recado: “A morte existe para que a vida tenha valor”. Ainda outro, dito pelo protagonista, que está a me ferver as ideias: há mais gente com medo da vida do que da morte. Trocando em miúdos, aqui, com o meu português amador: o filme é um pontapé naqueles que vivem como se estivessem mortos (e são muitos, sabemos). Faz dura crítica a postura medíocre de quem não sabe valorizar o bem maior de quem vive. Provoca a reflexão de que há muita gente que vive por viver, sem causa ou objetivo. Afinal, fica a pergunta: o que, realmente, estamos fazendo com o privilégio de estar vivo?
Os primeiros raios do sol já entravam pelo basculante e as ondas do Atlântico cantarolavam baixinho, quando Violeta acordou e quis saber sobre o filme. Evitei comentar e pedi que ela assistisse pra gente comentar depois. Hora e meia mais tarde, ela espinafrou: “Eita filminho sem-vergonha”. Tomamos um belo café da manhã e fomos viver a vida lá fora, sob o sol, diante do mar e com a graça de Deus.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 12/1/11
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