A puta tentou segurar tristeza. Firme, deixou única lágrima borrar a maquiagem retocada. Dorinha, foi tomando gosto pelo encontro. Caprichou no café, com torradas e geléia. Demonstrou toda paciência com a garota que, vez por outra, se esvaziava com a cabeça ao longe. Chegou a passar minutos com o mesmo pedaço de pão parado na ponta dos dedos. Ariela falava da família com muita mágoa. Já do pai, mantinha brilho nos olhos de amor sincero. Lamentou profundamente o desentendimento vivido da noite para o dia. Ainda mais pela saudade doída de dois anos sem notícias.
Pelo telefone fixo, novo contato para show. Dorinha pediu licença à Ariela e tomou nota na agenda: “Sexta? Posso. Claro... Não dá pra ser um pouco mais? Sei. Então... tudo bem. Se é o que vocês têm, tá bom. Mais o jantar e o táxi tá bom. Sou sozinha, né, Theo!? Tenho que pagar as contas. Canto sim. Umas cinco ou seis músicas dela, mas posso tirar mais até lá. Pode deixar. Um beijo. Até.”, desligou feliz pelo trabalho acertado. Ariela ouviu a conversa e demonstrou interesse pela vida da artista:
– Já quis ser cantora.
– Ainda tem tempo. Você é menina.
– Não levo jeito. Desafino até em parabéns.
– Não tem isso. Sua voz é boa.
– Tenho voz de taquara rachada.
– Não tem. Sua voz é bonita. Está um pouco suja. Você fuma?
– Fumava. Mais de dois maços por dia.
– Que bom que parou. Faz tempo?
– Ontem. O pai nunca gostou de cigarro. Fiz promessa que se achasse ele, não fumava nunca mais. Joguei dois pacotes no lixo e taquei fogo. Agora, estou com muita vontade, mas vou segurar. Promessa é promessa, né!?
– Para o seu bem é melhor não quebrar.
– Quanto você tira com seu show?
– Depende. Livre... dá uns R$ 300.
– Eu também.
– Por semana.
– Ah... faço isso por dia.
– Melhor a gente não render o assunto.
Dorinha fez de tudo para desconversar. Levou os talheres sujos para a pia e colocou comida para o Raul. O cão, agradecido, lambeu-lhe as canelas.
(Continua no próximo sábado)
Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho - 2/10/10
Pelo telefone fixo, novo contato para show. Dorinha pediu licença à Ariela e tomou nota na agenda: “Sexta? Posso. Claro... Não dá pra ser um pouco mais? Sei. Então... tudo bem. Se é o que vocês têm, tá bom. Mais o jantar e o táxi tá bom. Sou sozinha, né, Theo!? Tenho que pagar as contas. Canto sim. Umas cinco ou seis músicas dela, mas posso tirar mais até lá. Pode deixar. Um beijo. Até.”, desligou feliz pelo trabalho acertado. Ariela ouviu a conversa e demonstrou interesse pela vida da artista:
– Já quis ser cantora.
– Ainda tem tempo. Você é menina.
– Não levo jeito. Desafino até em parabéns.
– Não tem isso. Sua voz é boa.
– Tenho voz de taquara rachada.
– Não tem. Sua voz é bonita. Está um pouco suja. Você fuma?
– Fumava. Mais de dois maços por dia.
– Que bom que parou. Faz tempo?
– Ontem. O pai nunca gostou de cigarro. Fiz promessa que se achasse ele, não fumava nunca mais. Joguei dois pacotes no lixo e taquei fogo. Agora, estou com muita vontade, mas vou segurar. Promessa é promessa, né!?
– Para o seu bem é melhor não quebrar.
– Quanto você tira com seu show?
– Depende. Livre... dá uns R$ 300.
– Eu também.
– Por semana.
– Ah... faço isso por dia.
– Melhor a gente não render o assunto.
Dorinha fez de tudo para desconversar. Levou os talheres sujos para a pia e colocou comida para o Raul. O cão, agradecido, lambeu-lhe as canelas.
(Continua no próximo sábado)
Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho - 2/10/10
Um comentário:
Beleza, Jefferson. Até o próximo capítulo emocionante. Abração. paz e bem.
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