Foi assim: palmas aos realizadores que se empenharam para levar adiante o FIT BH 2010 e duras vaias ao prefeito Márcio Lacerda, que, agora, parece ter entendido que a cidade está viva para os assuntos da cultura. Quem foi ao Grande Teatro do Palácio das Artes na noite de quinta-feira testemunhou a saia justa entre autoridades e parte da plateia, nos minutos iniciais da abertura da polêmica 10ª edição do festival-lei. Palanque desfeito, palco descortinado, a arte se sobrepõe à política sem graça, para a apresentação de Donka – uma carta a Tchekhov.
O teatro-circo do Grupo Sunil, da Suíça, com dramaturgia e direção do italiano Daniele Finzi Pasca, é agregado imperdível do muito que é trágico, cômico e poético na obra do médico, escritor e dramaturgo russo. Anton Tchekhov (1860-1904), autor das peças Um trágico à força, A gaivota, Ivanov, Tio Vânia, As três irmãs, entre outras, e de contos como Viérotchka, O beijo, A dama do cachorrinho, Angústia e Uma história enfandonha, tem influenciado teatrólogos de todo o mundo.
Donka..., com dois atos, foi levantado por meio de parceria do grupo suíço com o The Chekhov International Theatre Festival de Moscou, para celebrar os 150 anos de nascimento de Tchekhov. A peça faz homenagem ao escritor, levando à cena fragmentos de sua existência. Parte da vida do doutor ganha narrativa cômico-lúdica com recursos técnicos de circo, luz e sombra. Os clowns do Sunil esbanjam carisma e habilidade do início ao fim das duas horas de encenação. Seja no plano da realidade, seja no campo dos sonhos, os oito artistas da companhia se desdobram completos: atores, músicos, dançarinos, malabaristas e poliglotas.
Rolando Tarquini – o mais velho da trupe –, esteja no proscênio ou no fundo do palco, simpático e experiente, se destaca no trato com a palavra e na contracena. Tem verve e timing para fazer escola. David Menes, de Madri, manda bem nos malabares, enquanto as brasileiras Beatriz Sayad (Doutores da Alegria) e Helena Bittencourt (Intrépida Trupe) fazem com brilho as honras da casa. Moira Albertali, Karen Bernal, Verônica Melis e Sara Calvanelli na dança – especialmente no sapateado –, na música, no balanço ou no tecido aéreo, por vezes, roubam as retinas mais exigentes.
Impecável, Donka... compõe poema visual inesquecível com suas projeções em jogo precioso de imagens, luzes e sombras. A música de Maria Bonzanigo, original, pontua e enriquece o lúdico-circense da obra. Os figurinos de Giovanna Buzzi também impressionam. Pasca, autor, diretor, coreógrafo e criador da luz, realiza com seus agregados espetáculo para ficar na história do FIT, que, a cada edição, se faz ainda mais necessário.
FIT BH – 2010
Ingressos: R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia-entrada), à venda no Mercado das Flores – Posto da Belotur (Av. Afonso Pena, esquina com Rua da Bahia, Centro), das 10h às 19h; loja Ingresso Rápido, no 5ª Avenida (Rua Alagoas, 1.314, Loja 27C, Savassi), das 9h às 16h; e no Teatro Marília (Av. Alfredo Balena, 586, Santa Efigênia), das 10h às 19h. Programação de hoje na página 4 e programação completa no site www.fitbh.com.br/2010.
Estado de Minas - Jefferson da Fonseca Coutinho - 7/8/10
O teatro-circo do Grupo Sunil, da Suíça, com dramaturgia e direção do italiano Daniele Finzi Pasca, é agregado imperdível do muito que é trágico, cômico e poético na obra do médico, escritor e dramaturgo russo. Anton Tchekhov (1860-1904), autor das peças Um trágico à força, A gaivota, Ivanov, Tio Vânia, As três irmãs, entre outras, e de contos como Viérotchka, O beijo, A dama do cachorrinho, Angústia e Uma história enfandonha, tem influenciado teatrólogos de todo o mundo.
Donka..., com dois atos, foi levantado por meio de parceria do grupo suíço com o The Chekhov International Theatre Festival de Moscou, para celebrar os 150 anos de nascimento de Tchekhov. A peça faz homenagem ao escritor, levando à cena fragmentos de sua existência. Parte da vida do doutor ganha narrativa cômico-lúdica com recursos técnicos de circo, luz e sombra. Os clowns do Sunil esbanjam carisma e habilidade do início ao fim das duas horas de encenação. Seja no plano da realidade, seja no campo dos sonhos, os oito artistas da companhia se desdobram completos: atores, músicos, dançarinos, malabaristas e poliglotas.
Rolando Tarquini – o mais velho da trupe –, esteja no proscênio ou no fundo do palco, simpático e experiente, se destaca no trato com a palavra e na contracena. Tem verve e timing para fazer escola. David Menes, de Madri, manda bem nos malabares, enquanto as brasileiras Beatriz Sayad (Doutores da Alegria) e Helena Bittencourt (Intrépida Trupe) fazem com brilho as honras da casa. Moira Albertali, Karen Bernal, Verônica Melis e Sara Calvanelli na dança – especialmente no sapateado –, na música, no balanço ou no tecido aéreo, por vezes, roubam as retinas mais exigentes.
Impecável, Donka... compõe poema visual inesquecível com suas projeções em jogo precioso de imagens, luzes e sombras. A música de Maria Bonzanigo, original, pontua e enriquece o lúdico-circense da obra. Os figurinos de Giovanna Buzzi também impressionam. Pasca, autor, diretor, coreógrafo e criador da luz, realiza com seus agregados espetáculo para ficar na história do FIT, que, a cada edição, se faz ainda mais necessário.
FIT BH – 2010
Ingressos: R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia-entrada), à venda no Mercado das Flores – Posto da Belotur (Av. Afonso Pena, esquina com Rua da Bahia, Centro), das 10h às 19h; loja Ingresso Rápido, no 5ª Avenida (Rua Alagoas, 1.314, Loja 27C, Savassi), das 9h às 16h; e no Teatro Marília (Av. Alfredo Balena, 586, Santa Efigênia), das 10h às 19h. Programação de hoje na página 4 e programação completa no site www.fitbh.com.br/2010.
Estado de Minas - Jefferson da Fonseca Coutinho - 7/8/10
Um comentário:
PARABÉNS, JEFFERSON. A DEFESA DA ARTE É A DEFESA DA DIGNIDADE DAS MANIFESTAÇÕES MAIS HUMANAS. MmEU ABRAÇO. PAZ E BEM.
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