Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Quando a web é a voz do povo
Há tempos estou de olho nas redes sociais da internet. Não é lá muito fácil seguir de perto a onda dos computadores, em marolas na velocidade da luz. Mas, aqui com os meus teclados, faço o possível para não ficar para trás. Tenho amigos entendidos no assunto e eles garantem que, muito em breve, computadores e a grande rede – o famoso www – serão mais comuns que geladeiras e fogões. Tenho motivos para acreditar que sim, porque sei de gente simples, de poucos recursos, que já acompanham as notícias pela internet do aparelho celular. Tem base? Sério. Conhecidos que já fizeram parte do Orkut e, hoje, não saem dos tais Facebook e Twitter. Se o amigo leitor nunca ouviu falar em Orkut, Facebook e Twitter, pode estar certo de que faz parte de um pequeno grupo no Brasil.
Trago o assunto hoje ao nosso quintal para falar de conversa muito interessante da qual fiz parte ontem sobre a voz do povo que vem se levantando na internet. O assunto começou por causa daquele programa emburrecedor chamado Big Brother Brasil. É aquela história de abuso sexual, que envolveu dois participantes depois de bebedeira. Não vou fazer render o ocorrido aqui porque isso é de muito baixo nível e prometi para mim mesmo não ceder espaço para o que não tem valor. O fato é que pelas redes sociais e pelo Twitter o abuso provocou verdadeira revolta em milhões de pessoas, o que levou a TV Globo a eliminar o suposto estuprador. Amauri e Oswaldo, excelentes pais de família, revoltados, decretaram a TV desligada ou em qualquer outro canal enquanto o tal programa estiver no ar. Já a Sueli e o Betão, muito politizados, chamam a atenção para a força que a internet provou ter com o episódio em questão.
Num outro nível, por meio das redes sociais, a sociedade civil organizada também mostrou força ao conseguir que o prefeito de Belo Horizonte vetasse o aumento de 61,8% dos salários dos vereadores. No mesmo dia em que o governo de São Paulo foi duramente criticado e combatido nos aparelhos eletrônicos (celulares, iPads etc) e computadores de todo o Brasil por ação desmedida no Bairro Pinheirinho (foto), com o uso de força policial de guerra para expulsar centenas de famílias assentadas em São José dos Campos, a 97 quilômetros de São Paulo. Até helicópteros e carros blindados foram usados na ação. Na grande rede o internauta não perdoou e espinafrou a operação. O que, naturalmente, deve respingar no governador Geraldo Alckmin, hoje muito mais antipatizado pelo poder sem limites da web.
Claro que a internet promove bobagens – como aquela gracinha, envolvendo a menina Luiza, no Canadá, que se tornou estrela da noite para o dia por causa de um comercial tosco na Paraíba –, mas, ainda que em mínima proporção, assuntos sérios têm se levantado no mundo virtual e o brasileiro parece, enfim, se despertar para os efeitos reais dessas mobilizações. Não só para punir um abusado em programa besta ou criar celebridades que não têm o que dizer, mas para transformar bites e kbites na voz do povo. Um indicativo, talvez, de que nem todo mundo é tão tolo quanto parece.
Bandeira Dois - Josiel Botelho - 25/1/12
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"Um Inimigo do Povo" no Palácio das Artes
Amanhã, dia 26, no Grande Teatro do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537 - Centro), às 20h30, tem "Um inimigo do Povo", de Henrik Ibsen. Espetáculo teatral imperdível, em única apresentação pela 38ª Campanha de Popularização Teatro e Dança de Minas Gerais. Ingressos a preços populares (R$ 10) nos postos do Sinparc e da Belotur.
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