Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O amor sem limites


Semana em família para fazer valer ainda mais a vida. Desde que meus garotos nasceram, e isso faz tempo, o mundo me trouxe novos valores. Quis a força das circunstâncias a distância: eles, no Espírito Santo; eu, em Minas Gerais. O leitor amigo, que acompanha Bandeira Dois, às quarta-feiras, sabe bem da história – já que, vez por outra, volto ao assunto. O fato é que, desde sempre, faço das tripas o coração para estar por perto. Não é nada fácil, mas, na medida do possível, dou conta de não deixar somar mês sem passar um fim de semana (ao menos) na companhia dos dois. Nas férias, duas vezes por ano, estamos sempre juntos. Dedicação recompensada pela amizade da ex-mulher, Norma, amiga da minha atual companheira. A mãe dos meus filhos – hoje, muito bem casada – sabe reconhecer a importância do respeito em família, mesmo que em dois endereços. Isso, tema de hoje, para reforçar a minha fé de que os filhos estão acima de qualquer casamento fracassado.

O assunto surgiu, domingo, provocado pela Lúcia Helena, paulista, recém-separada, velha conhecida da Violeta. A professora passou uns dias na nossa casa e disse ter se encantado pelo carinho dos meus filhos com a madrasta (e vice versa). Mãe da doce Maria, de 5 anos, Lúcia Helena está enfrentando a maior barra com o marido, dentista, que, segundo ela, está fazendo a cabeça da menina. “Não sei mais o que faço. A menina só quer saber do pai. Está lá, com ele, e disse que não vai mais voltar pra casa. Não sei mais o que faço. Tive até que sair de lá para espairecer…”, disse. Lúcia Helena contou também que há mais de ano, desde o divórcio, não conversa com o ex-marido, pai da Maria. “Ele resolve tudo com a minha mãe, porque não quero vê-lo nem pintado de ouro”. Conversamos muito. Ela ainda está bastante magoada com a separação. Não aceita o rompimento. “Ele disse que estava infeliz e foi embora. Voltou a morar com os pais. Assim: da noite para o dia”, desabafou.

Para Violeta, Lúcia Helena explicou detalhes do drama. O que penso, e disse isso a ela, é que a pequena Maria não pode continuar nesta situação, com os pais brigados, inimigos. Não é preciso estudar psicologia e ser pai de dois filhos muito amados para saber disso. Não é fácil, sei bem. Sempre alguém sai ferido na separação. Quando envolve crianças, então... Penso que, por mais difícil que seja, os pais precisam fazer de tudo pelo bem dos filhos. É pior quando a separação é marcada pela inimizade e pelo desafeto. Na praça, sei de casos aos montes em que situações assim fizeram crescer garotos cheios de problemas. Estou escrevendo apenas o que conversamos. A história está publicada com a autorização da Lúcia Helena, que, ontem, na rodoviária, despediu-se dizendo que, esta semana, vai “acertar os ponteiros” com o pai da Maria.

Mais tarde, em família, durante sorvete para festejar o sol, tive ainda mais certeza de que meu maior acerto na vida foi fazer de tudo para estar sempre por perto dos garotos. Importante também foi entender que a Norma deixou de ser minha mulher, mas continua mãe (e muito boa mãe). Antes da Violeta – mulher da minha vida –, parceiras que não entenderam isso passaram como ventania. Na alcova, viver de curtição com quem não tem compromisso é fácil. O difícil, por incrível que pareça, é aprender amar, respeitar e conviver com quem jamais foge das responsabilidades.

Bandeira Dois - Josiel Botelho - 18/1/12

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