Em trânsito desde quarta-feira, dia 4, pela castigada Zona da Mata mineira na companhia de brava equipe de reportagem do Grupo Diários Associados – Marcos Michelin (foto) e Anderson de Oliveira – , é muito difícil conviver com a politicagem que tenta fazer a cheia das águas, que aterroriza milhares de pessoas, de palanque eleitoreiro para oportunistas de plantão. Enquanto Fernando Bezerra, do Ministério da Integração Nacional, parece dar de ombros para o Estado de Minas Gerais, vários outros sujeitos interesseiros ensaiam sorrisos e apertos de mão pelas cidades mais afetadas pelas chuvas.
Em muitos municípios em situação de emergência, do alto dos casarões mais chiques, gente aparecida, de recurso, reunida, ensaia ações de ajuda e de projeção para forçar amizade e simpatia. Em meio a destroços aqui e ali, com suas bravas picapes importadas e botinas de ocasião, pretensos candidatos se aproveitam para tentar enfraquecer prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias. Assim como alguns burocratas de gabinete, na calada, perseguem opositores e demitem desafetos.
Do outro lado, miúdo, o cidadão eleitor, morador da beirada de rios, passa longe dos gigantes pobres de intenção. É muita gente sofrida, catando restos pela sobrevivência. Em diversos cantos da região mais afetada de todo o estado de Minas Gerais, são milhares de desabrigados a esperar por ajuda efetiva. As enchentes e os desastres que se repetem entra ano, sai ano, só nos primeiros dias de 2012, deixaram mais de 100 municípios mineiros em situação de alerta.
Em muitos deles, o que se vê de perto, com o pé na lama, ou pelo noticiário, é o desespero de gente humilde, sem casa e centavo, carente de futuro. Mineiros sofridos que já tiveram suas casas destruídas por enchentes passadas e que, hoje - depois de receber sorriso, aperto de mão e colchãozinho -, vivem de aluguel e fé de que ainda (quem sabe) vão ter novo teto. “O que esperar de país que gasta muito mais para remediar do que para prevenir?”. É o que mais se ouve entre os esclarecidos em pracinhas destruídas. Os mais humildes, fedidos e sujos de barro, têm pergunta mais curta: “O senhor dá cesta básica, moço?”.
É de partir o coração.
Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho - 9/1/12
Nenhum comentário:
Postar um comentário