Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O pior do casamento

É a separação. Até quando é para o bem de ambos, o rompimento é sempre uma pancada. E os filhos? Aí é que a coisa pega para valer. Na casa dos 40 anos, com relações intensas dissolvidas, posso dizer com convicção: alguém sai sempre machucado na hora de partir. No último domingo, o casamento veio à luz das ideias por causa de matéria do jornal Estado de Minas sobre infidelidade, sob o título “Onde mora o pecado”. Equipe de jornalistas estava nas ruas para fazer reportagem sobre os descasos com o patrimônio público em praças e parques de Belo Horizonte e acabou encontrando casais em segredo, que não podiam ser fotografados juntos. A pauta, vindo de dentro da notícia, dividiu opiniões entre companheiros de praça.


Há quem diga que está certo: “O importante é ser feliz.” Os mais centrados espinafraram: “Não é correto. Ninguém tem o direito de enganar ninguém. Não dá mais? Então, que cada um siga o seu caminho, sem mentiras”, defendeu a Sueli. A conversa rendeu toda a tarde. Ouviu-se de tudo. Casos e mais casos de amigos e conhecidos. Nada de fuxicos ou mexericos. Tudo de bastante relevância sobre casamento, lealdade – assunto de interesse de todos os presentes. Lembrei-me de entrevista que fiz com a advogada, doutora Lilian Campomizzi, amiga e passageira de longa data. Na semana passada, curiosamente, em grupo da universidade, debatemos muito o divórcio para trabalho de direito, intitulado “Cama de tatame”. Trecho do material tem muito a ver com a coluna de hoje e diz o seguinte:


Ajuizados, distantes das páginas policiais, muitos descasados vão parar nas varas de família. É quando entra em ação o direito para cuidar da pior parte do casamento: o divórcio. Lilian Campomizzi Bueno, há duas décadas no exercício da advocacia especializada, chama a atenção para a mudança até no Código Penal brasileiro, que, a partir de 2005, deixou de tipificar o adultério como crime, que previa detenção de 15 dias a seis meses. A advogada explica que também ficou mais fácil dar fim ao casamento nos conformes da lei. O que não significa paz nos tribunais. São raras as situações em que uma parte não sai magoada. O patrimônio costuma maltratar ainda mais os corações. E os filhos, claro, sempre pesam na hora de chutar o pau da barraca.


Doutora Lilian analisa a batelada de casos resolvidos por seu escritório. “A maioria a propor o divórcio ainda é a mulher. Para o homem é mais difícil. Ele não se separa apenas da mulher. Separa-se da família”, ressalta. Para a advogada, o homem continua traindo mais. “Muitas vezes, para o homem, a traição é um deslize menor. Um divertimento apenas. Para a mulher o assunto é mais sério. É verdade, entretanto, que já conheço muitas mulheres que pensam como homens”, revela. Aos 44 anos, solteira, Lílian não esconde que a convivência com os processos de divórcio enfraquece seu encanto com o casamento. “Isso me afeta, infelizmente. Vejo as mentiras, as reclamações… mais do que a traição, as pessoas reclamam o descaso, a falta de assistência. Não há relacionamento que sobreviva a isso”, considera. Palavra de quem conhece o assunto. No mais, amigo leitor, só o amor para dobrar a luxúria.


Bandeira Dois - Josiel Botelho - 26/10/11

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