Larissa, com caixinha de segredos da mãe nas mãos, fez despertar a companheira:
– Carol!
– Desculpa. É que tava longe, no dia em que conheci a Beatriz.
– Este lugar ainda tem o cheiro dela. Você veio cedo.
– Pensei que talvez precisasse de ajuda. Eu tava em casa… mas o pensamento tava aqui.
– Tô bem. É só a cabeça que fica viajando no tempo.
– Normal. Acabo de passar por isso e nem era a filha dela.
– Acho que não fui bem o que se pode chamar de filha.
– Queria ter tido tempo pra ter a amizade da sua mãe.
– Eu também, Carol.
– E isso? O baú de histórias da dona Beatriz?
– Ainda não tive coragem de abrir. Vó Mercedes sempre falou dessa malinha. Disse que, desde criança, Beatriz guardava todos os seus “tesouros” aqui dentro.
Aquela não era mesmo uma valise comum. Era o único objeto que Beatriz havia guardado desde a infância e da adolescência sofrida em Divinópolis. Dentro, um pequeno mundo em segredos. Recortes e retalhos, cartas, fotos e documentos acumulados ao longo de uma breve passagem em vida. Talvez, quem sabe, único lugar de respostas que, agora, pertencia a Larissa.
Certa vez, na ausência de Beatriz – não havia muito tempo que elas estavam morando juntas –, Larissa encontrou a malinha surrada da mãe e tentou abri-la ali mesmo, na sala. Beatriz chegou mais cedo do trabalho e deu o flagrante. Tomou a mala das mãos da filha e bronqueou.
– O que você pensa que tá fazendo?
– Só tava tentando conhecer você melhor.
– Não vai ser dessa maneira, fuçando o que não é seu.
– Você deixou a porta do quarto aberta. Pensei que não fosse se importar.
– Eu me importo e não quero que você entre no meu quarto sem ser convidada.
O tom ríspido de Beatriz ficou por tempo na cabeça de Larissa. As duas ficaram semana sem trocar palavra. Morta, a lojista do Barro Preto não estava mais ali para reclamar a valise. Carolina entendeu o silêncio da namorada, que resolveu desvendar os guardados da mãe biológica.
No próximo sábado, o último capítulo.
Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho - 26/6/10
– Carol!
– Desculpa. É que tava longe, no dia em que conheci a Beatriz.
– Este lugar ainda tem o cheiro dela. Você veio cedo.
– Pensei que talvez precisasse de ajuda. Eu tava em casa… mas o pensamento tava aqui.
– Tô bem. É só a cabeça que fica viajando no tempo.
– Normal. Acabo de passar por isso e nem era a filha dela.
– Acho que não fui bem o que se pode chamar de filha.
– Queria ter tido tempo pra ter a amizade da sua mãe.
– Eu também, Carol.
– E isso? O baú de histórias da dona Beatriz?
– Ainda não tive coragem de abrir. Vó Mercedes sempre falou dessa malinha. Disse que, desde criança, Beatriz guardava todos os seus “tesouros” aqui dentro.
Aquela não era mesmo uma valise comum. Era o único objeto que Beatriz havia guardado desde a infância e da adolescência sofrida em Divinópolis. Dentro, um pequeno mundo em segredos. Recortes e retalhos, cartas, fotos e documentos acumulados ao longo de uma breve passagem em vida. Talvez, quem sabe, único lugar de respostas que, agora, pertencia a Larissa.
Certa vez, na ausência de Beatriz – não havia muito tempo que elas estavam morando juntas –, Larissa encontrou a malinha surrada da mãe e tentou abri-la ali mesmo, na sala. Beatriz chegou mais cedo do trabalho e deu o flagrante. Tomou a mala das mãos da filha e bronqueou.
– O que você pensa que tá fazendo?
– Só tava tentando conhecer você melhor.
– Não vai ser dessa maneira, fuçando o que não é seu.
– Você deixou a porta do quarto aberta. Pensei que não fosse se importar.
– Eu me importo e não quero que você entre no meu quarto sem ser convidada.
O tom ríspido de Beatriz ficou por tempo na cabeça de Larissa. As duas ficaram semana sem trocar palavra. Morta, a lojista do Barro Preto não estava mais ali para reclamar a valise. Carolina entendeu o silêncio da namorada, que resolveu desvendar os guardados da mãe biológica.
No próximo sábado, o último capítulo.
Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho - 26/6/10
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