Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Voe em paz, Ciça


Há um nó na garganta em meio ao turbilhão de sentidos e sentimentos dos últimos dias. Hegel – autor de cabeceira – escreveu: “O sentimento é o material originário, não ainda disfarçado nele mesmo, que a inteligência eleva ao nível da representação, suprimindo a forma de simplicidade que lhe pertence, e dividindo-o em um elemento objetivo e um elemento subjetivo, que dele se destaca e faz sentimento um sentido”.

Três vezes, em quatro décadas de caminhos, estive colado à luz do nascimento. A última, dia 3, ainda me mantém elétrico, excitado, varrido, besta... embevecido de amor. Ver o filho chegar ao mundo – ao mais estranho mundo de que já se teve notícias – embaralha o peito e faz dar nó no estômago. Toda essa felicidade dançada na alma... uma questão: seria a alegria ignorância bailarina a emaranhar sentimentos?

Talvez. Não posso, porém, ter vergonha da felicidade. Ainda que em palco movediço de luz e sombra. Tenho esperança. Vergonha, tristeza, tenho da estupidez e da violência. Da morte de Cecília Bizzotto, mãe, mulher e artista contra a truculência. Vergonha do triste fim da menina que se alimentava de sabão, cheia de sonhos de liberdade: sentimentos. Já o sentido, Hegel... qual é ele mesmo?

Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho

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