Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Uma raça em desencanto


Não basta ser otimista. É preciso acreditar e acreditar. Fácil? Não é. Chega a ser desesperador. São muitos os casos de violência e falta de humanidade nos últimos tempos. Histórias capazes de entristecer os mais crédulos e otimistas. Essa última, da menina Kamyla Grazzyele, de 5 anos, é de fazer qualquer um desacreditar na raça humana. Um crime, um ato brutal estarrecedor. Venho de família avessa a violência de qualquer natureza. Diante de barbaridade assim, envolvendo inocência e incapacidade de defesa, chego a perder a fé. Desculpe-me, velho Botelho, pai e amigo. Mas, é exatamente o que estou sentindo diante dessa manchete de nosso Aqui: “Criança vítima de brutalidade”.

Impossível não trazer a notícia de volta às páginas tamanha crueldade. Depois de semana de desaparecimento, o corpo de Kamyla foi encontrado em pasto da Zona Rural de Bom Sucesso, no Centro-Oeste de Minas Gerais. Sou pai. Insisto em repetir isso sempre porque considero a paternidade uma credencial especial. Ser pai, presente, não é para qualquer um. Para um bom pai de família é ainda mais doloroso saber de barbaridades assim. É um sentimento muito doído de tristeza e incapacidade. O que podemos fazer, de fato, para garantir a segurança daqueles que tanto amamos?

Os crimes contra as crianças são o fundo do poço, mas temos ainda o aumento da violência capaz de desfazer vidas na fração do segundo. Assaltantes armados, dando verdadeiro baile na polícia, tocando o terror em famílias de bem. Sem falar na irresponsabilidade dos beberrões ao volante, matando todos os dias desenfreadamente. E as autoridades, os políticos corruptos, formadores de quadrilhas? Vamos ver se o Supremo Tribunal Federal (STF) vai mesmo ser capaz de dar uma lição de moralidade no país e mandar essa quadrilha para a cadeia.

“O que alimenta a violência é a falta de educação”, diz o velho Botelho. Desde garoto, nos anos 1970, ouço o pai dizer isso. Nossos professores são os profissionais mais desvalorizados no Brasil. Conheço educadores, gente de bom coração, que, mesmo desmotivados, não deixam as salas de aula. Por amor, pela missão de ensinar. Quando sei de casos assim, como o da pequena Kamyla Grazzyele, pergunto-me se vai demorar muito ainda para o poder público entender que essas barbaridades são reflexo de um país perdido, de uma raça em desencanto. Ao povo de Bom Sucesso e aos familiares de Kamyla, meus mais profundos sentimentos. De pai, de homem de fé.

Bandeira Dois - Josiel Botelho

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