Estrada deserta, noite
fria, na volta para Belo Horizonte. Vendas fracas na Bahia. Parada no
boteco do Posto Barão, café amargo e cigarro de palha. Na solidão dos
faróis, o pensamento caçava novos rumos para vida. Em Ilhéus, Oseias
arranjou problema crônico na cabeça e no coração. No peito, Joana, a
mulher companheira, mãe do pequeno Hugo, de 2 anos, com quem estava
junto desde o supletivo, em 2007. Já na falta de razão, as loucuras
vividas nos últimos dias com Ariane, baiana de boas carnes, de 34 anos,
divorciada e sem filhos.
No botequim às margens da rodovia, o jovem atendente cochila junto ao balcão. No caixa, o homem barrigudo faz palavras cruzadas. Comenta o sono do colega: “Esse aí tá virado tem dois dias. Nasceu o filho dele anteontem. Tá todo besta. Deixa ele. Se o senhor quiser alguma coisa é só me pedir”. Oseias pediu pão com linguiça para tapear o estômago e voltou a pensar em como encarar Joana. Por mais que tentasse evitar, nas idéias, o corpo monumental e a fala macia, quase doce da bela baiana. O cheiro de Ariane ainda estava no vendedor viajante. Ali, Oseias fechou os olhos para suspirar a amante.
Foi logo no primeiro dia, no Quiosque da Jandira, que ele conheceu o pecado de decote em vestido rodado. Ela chegou e mandou na lata: “Conheço você”. Oseas ficou sem entender e nada disse. “Seu nome é Oseas e você vende bolsas e sandálias na região. Você gosta de misturar cerveja na coca-cola e fuma cigarro de palha. Acertei?”, sorri e, charmosa, apresenta-se: “Ariane. Fui casada com o Tobias, da Rua do Porto. Ele já comprou muito na sua mão. Posso me sentar?”. “Sim. Claro...”, ele respondeu. Fogo à primeira vista. O encontro foi parar em casinha de onde se ouvia o mar. Lá, na rede, na varanda e no porão, sexo como o sujeito nunca teve na vida. E assim, no suor dos quadris por noites seguidas, o viajante foi vencido pela semana.
O pão com linguiça, do jeito que estava, no prato ficou. Oseas pagou e pegou novamente a estrada para encarar a volta para casa. Estava decidido a chutar o pau da barraca e o amor de Joana. Com ele, enfeitiçado, brecha apenas para o sexo de Ariane. O sol já estava a pino quando Oseas desligou o motor da caminhonete em frente ao portão de ferro, no Bairro Jardim Alvorada. Na suíte do casal, Joana, dava banho em Hugo, que gargalhava. Ele esquadrinhou a casa decorada e, por dentro, chorou os retratos felizes da família.
O vendedor respirou fundo em busca de coragem e só encontrou o amor pela mulher companheira. Não resistiu ao sorriso sincero, de saudade, de Joana e almoçou em família como se nada tivesse acontecido. Oseas conversou com o patrão e mudou de rota. Nunca mais voltou a Bahia.
Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho - 21/5/12
No botequim às margens da rodovia, o jovem atendente cochila junto ao balcão. No caixa, o homem barrigudo faz palavras cruzadas. Comenta o sono do colega: “Esse aí tá virado tem dois dias. Nasceu o filho dele anteontem. Tá todo besta. Deixa ele. Se o senhor quiser alguma coisa é só me pedir”. Oseias pediu pão com linguiça para tapear o estômago e voltou a pensar em como encarar Joana. Por mais que tentasse evitar, nas idéias, o corpo monumental e a fala macia, quase doce da bela baiana. O cheiro de Ariane ainda estava no vendedor viajante. Ali, Oseias fechou os olhos para suspirar a amante.
Foi logo no primeiro dia, no Quiosque da Jandira, que ele conheceu o pecado de decote em vestido rodado. Ela chegou e mandou na lata: “Conheço você”. Oseas ficou sem entender e nada disse. “Seu nome é Oseas e você vende bolsas e sandálias na região. Você gosta de misturar cerveja na coca-cola e fuma cigarro de palha. Acertei?”, sorri e, charmosa, apresenta-se: “Ariane. Fui casada com o Tobias, da Rua do Porto. Ele já comprou muito na sua mão. Posso me sentar?”. “Sim. Claro...”, ele respondeu. Fogo à primeira vista. O encontro foi parar em casinha de onde se ouvia o mar. Lá, na rede, na varanda e no porão, sexo como o sujeito nunca teve na vida. E assim, no suor dos quadris por noites seguidas, o viajante foi vencido pela semana.
O pão com linguiça, do jeito que estava, no prato ficou. Oseas pagou e pegou novamente a estrada para encarar a volta para casa. Estava decidido a chutar o pau da barraca e o amor de Joana. Com ele, enfeitiçado, brecha apenas para o sexo de Ariane. O sol já estava a pino quando Oseas desligou o motor da caminhonete em frente ao portão de ferro, no Bairro Jardim Alvorada. Na suíte do casal, Joana, dava banho em Hugo, que gargalhava. Ele esquadrinhou a casa decorada e, por dentro, chorou os retratos felizes da família.
O vendedor respirou fundo em busca de coragem e só encontrou o amor pela mulher companheira. Não resistiu ao sorriso sincero, de saudade, de Joana e almoçou em família como se nada tivesse acontecido. Oseas conversou com o patrão e mudou de rota. Nunca mais voltou a Bahia.
Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho - 21/5/12
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