Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A cidade é do povo



O que se vê na cidade neste carnaval é algo que impressiona. Invadir é bem diferente de ocupar. E o belo-horizontino sabe disso. Nos últimos anos, há um movimento crescente pela retomada do espaço público e o que começou com dezenas chegou aos milhares esta semana. A sociedade civil organizada começa a fazer o bom barulho, em paz, por liberdade e alegria. Os desafios do poder público para o próximo ano vai ser saber lidar com o levante indomável. No fim de semana, o que se viu no Bairro Santa Tereza, por exemplo, foi algo completamente fora de controle. Mais de 25 mil pessoas tomaram quarteirões sem a menor estrutura para tamanho movimento. Moradores ficaram ilhados, e os foliões sem banheiro. Um nó no trânsito que impedia até as viaturas oficiais de entrar ou sair da região.

Vários blocos deram cor e som ao verdadeiro arrastão de euforia. Por vários cantos da cidade, bem além dos limites da Avenida do Contorno, ruas foram tomadas por adultos e crianças debaixo de céu azul e sol escaldante. Mais que enfeitar, chapéus e sombrinhas ajudaram na proteção de muita gente. Por onde andei – percorri quase todos os pequenos e grandes, novos e velhos agrupamentos de foliões da cidade –, o que vi foi uma grande festa da população. Em muitos grupos, o tom político, declarado, comandava o cortejo. O Corte Devassa e o Filhos de Tcha Tcha, por exemplo, não se misturaram aos que buscavam apenas diversão. Marcaram posição numa proposta muito particular de ocupação. Hoje, quarta-feira de cinzas, fica a reflexão: a cidade é ou não é do povo?

Na foto, o Bar 41, na Avenida Brasil, em Santa Efigênia. Neste carnaval, a esquina do estabelecimento foi ponto de encontro de multidões

Bandeira Dois - Josiel Botelho

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