Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Bom senso, pessoal. Bom senso


É o assunto do momento entre os mais próximos. Os novos radares de avanço de semáforo espalhados pela cidade dão muito o que falar. Não é para menos. Se, por um lado, são necessários, já que a ação é desdobramento de estudo muito sério que indicou pontos críticos com alto índice de acidentes – inclusive com atropelamentos que resultaram em mortes –, por outro, é motivo de preocupação para os motoristas que rodam tarde da noite e que vão ficar ainda mais vulneráveis ao ataque da bandidagem. Não há entre os amigos da praça quem não saiba ou tenha sido vítima de assalto no deserto das esquinas de Belo Horizonte e Região Metropolitana.

O Júnior, filho do Bartolomeu, há coisa de mês, na Rua Timbiras com Avenida Afonso Pena, foi surpreendido por moleque de pouco mais de metro e meio. Segundo ele, bastou um instante de vacilo. Disse que o sinal fechou e que foi trocar um CD. Ainda não era meia-noite. O menor, que aparentava ter menos de 15 anos, encostou caco de vidro na garganta do meu amigo. No banco ao lado, a namorada ficou aterrorizada. Tive com eles no dia seguinte ao susto, na casa do Bartolomeu. Tomei nota da nossa conversa na caderneta: “Foi uma sensação de incapacidade incrível. A Taninha ficou muito nervosa. Nem sei pra quem eu pedi mais calma, se para o infeliz ou para a Taninha. O vidro tava só um pouco aberto e o pilantra ainda conseguiu achar brecha pra entrar com a mão e o caco de vidro. Passei pra ele uns trocados que estavam no bolso da calça, uns R$ 15, R$ 20. O sinal abriu e ele caiu no mundo, no sentido contrário, pela Timbiras. Sumiu em direção à Igreja da Boa Viagem. A Taninha desabou a chorar”.

Perguntei se ele tinha feito boletim de ocorrência. Não. Não fez. Casos assim ocorrem todos os dias em Belo Horizonte. Ninguém faz B.O. Por isso, não aparecem nas estatísticas estudadas pela polícia e pela BHTrans. Seria importante esse tipo de informação, assim, quem sabe, a partir de certo horário, com responsabilidade – é preciso dizer – alguns radares poderiam ser repensados. Agora, a orientação é a seguinte: para não ser assaltado você até pode avançar o sinal, mas vai ter que ter um B.O. para, depois de pagar a multa, tentar reaver o dinheiro. Não vai ser fácil. Nunca é. Todos sabem. A questão é outra. O Bartolomeu, que há 17 anos, dos 30 de praça, vira a noite no batente, está indignado: “Vão ter que rever isso na madrugada. Não dá para ficar à espera do ladrão. Isso é pedir para ser roubado. Escreve um apelo aí, Josiel. Pede pra esse povo usar o bom senso”. Tá publicado, Bartolomeu.

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P.S.: E lá se foi o Itamar. Quando candidato ao governo de Minas, no final dos anos 1990, numa produtora de vídeo, olhou-me nos olhos, apertou minha mão, sorriu e disse: “Todo bom trabalho tem lá a suas compensações, meu filho”. Jamais esqueci isso.

Bandeira Dois - Josiel Botelho - 6/7/11

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