Ariela insistiu. Queria ter certeza de que Dorinha não tinha preconceito. A cantora não negou seu estranhamento com aquele encontro. Afinal, pela primeira vez na vida, estava tomando café da manhã com uma garota de programa, que acabara de conhecer e que tinha sido surrada pelo pai. Nada de anormal até ali, especialmente para quem passou os últimos dias de amor não correspondido por jovem evangélico, apaixonado por outra dona do quadril surrado.
Curiosa, a boa anfitriã quis saber mais sobre a menina do olhar perdido:
– Você mora perto daqui?
– Não. Fica longe. Lá no Milionários.
– Perto do Cristo?
– Você conhece alguém lá?
– Um casal de amigos.
– Lá tem muita gente de bem.
– Eu sei. Por isso que eu mais quatro amigas fomos morar lá.
– Fizeram uma república?
– É quase uma casa de família.
– Você não tem mãe, irmãos?
– Tenho. Moram no interior de São Paulo. Depois que o pai deixou a mãe, meu irmão mais velho, que é metalúrgico, levou todo mundo pra morar com ele.
– E você?
– Também fui. Mas a gente nunca se deu muito bem e lá foi pior. Aí, voltei pra ficar com o pai e virei ovelha negra na família. Não querem me ver nem pintada de ouro.
– Você morou muito tempo com o seu pai?
– Uns dois anos.
– Ele sempre bateu em você?
– Não. Ele sempre foi muito bom. Hoje foi a primeira vez.
– E por que você não continuou com ele?
– A mulher dele tanto fez que me colocou para fora. A gente ficou dois anos sem se ver.
– Essas coisas acontecem.
– Esta semana, soube que a piranha encheu a cabeça dele de chifre e foi embora com um capoeirista. Consegui o endereço aqui do JK, ontem, com um amigo da polícia.
– Aí, me deixa adivinhar, você veio ver se ele estava precisando de alguma coisa e acabou apanhando? É isso?
– O pai andou com problemas sérios de saúde. Só queria saber se estava bem. Ele ficou fazendo um monte de pergunta e a gente acabou brigando.
A puta tentou segurar tristeza. Firme, deixou única lágrima borrar a maquiagem.
(Continua no próximo sábado)
Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho - 25/9/10
Curiosa, a boa anfitriã quis saber mais sobre a menina do olhar perdido:
– Você mora perto daqui?
– Não. Fica longe. Lá no Milionários.
– Perto do Cristo?
– Você conhece alguém lá?
– Um casal de amigos.
– Lá tem muita gente de bem.
– Eu sei. Por isso que eu mais quatro amigas fomos morar lá.
– Fizeram uma república?
– É quase uma casa de família.
– Você não tem mãe, irmãos?
– Tenho. Moram no interior de São Paulo. Depois que o pai deixou a mãe, meu irmão mais velho, que é metalúrgico, levou todo mundo pra morar com ele.
– E você?
– Também fui. Mas a gente nunca se deu muito bem e lá foi pior. Aí, voltei pra ficar com o pai e virei ovelha negra na família. Não querem me ver nem pintada de ouro.
– Você morou muito tempo com o seu pai?
– Uns dois anos.
– Ele sempre bateu em você?
– Não. Ele sempre foi muito bom. Hoje foi a primeira vez.
– E por que você não continuou com ele?
– A mulher dele tanto fez que me colocou para fora. A gente ficou dois anos sem se ver.
– Essas coisas acontecem.
– Esta semana, soube que a piranha encheu a cabeça dele de chifre e foi embora com um capoeirista. Consegui o endereço aqui do JK, ontem, com um amigo da polícia.
– Aí, me deixa adivinhar, você veio ver se ele estava precisando de alguma coisa e acabou apanhando? É isso?
– O pai andou com problemas sérios de saúde. Só queria saber se estava bem. Ele ficou fazendo um monte de pergunta e a gente acabou brigando.
A puta tentou segurar tristeza. Firme, deixou única lágrima borrar a maquiagem.
(Continua no próximo sábado)
Vida Bandida - Jefferson da Fonseca Coutinho - 25/9/10
Um comentário:
Beleza, Jefferson! Estou aqui acompanhando atento. Abraços. paz e bem.
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