Meu pai sempre
diz que o jovem pode e não sabe; já o velho, esse, sabe e não pode. Aos de meia
idade cabe a sobrevivência, trazendo ao futuro o que melhor resiste à linha
fina do tempo. Sabe melhor quem descobre junto. É o que tenho aprendido com as
muitas cabeçadas na vida. Pode até demorar, mas, com boa vontade e respeito às
diferenças, todo mundo pode um dia se acertar com o coração.
Tenho amigos
que, como eu, aos 40, somam desacertos. Muitos desses amigos deram a volta por
cima, aprendendo com os erros. Outros insistem nos mesmos tropeços. O Osmar tem
uma tese. Para o meu amigo taxista, casais que se divertem juntos são mais
felizes. E casais amigos de casais felizes são ainda mais felizes. Faz sentido.
Nos últimos
cinco anos, sem dúvida, tenho aprendido mais com o casamento do que em três décadas. Ficar
junto também é uma opção. Uma decisão particular que, somada à boa fé do outro,
pode durar para todo o sempre. Amar mais e melhor. Sempre. É o que digo para
mim mesmo todos os dias.
Também suspiro
em pensamento o “Soneto do amor total”, de Vinicius de Morais, que, pensando na
mulher amada, aprendi de cor. Para o amigo leitor, sozinho ou em boa companhia,
um recorte do que escreveu o grande poeta:
Amo-te tanto,
meu amor... não cante
O humano coração
com mais verdade...
Amo-te como
amigo e como amante
Numa sempre
diversa realidade
Amo-te afim, de
um calmo amor prestante,
E te amo além,
presente na saudade.
Amo-te, enfim,
com grande liberdade
Dentro da
eternidade e a cada instante.
Amo-te como um
bicho, simplesmente,
De um amor sem
mistério e sem virtude
Com um desejo
maciço e permanente.
E de te amar assim
muito e amiúde,
É que um dia em
teu corpo de repente
Hei de morrer de
amar mais do que pude.
Bandeira Dois - Josiel Botelho
Um comentário:
Que declaração mais linda!
Tinha que ser escrita por você, Jeff!!!
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