Jefferson da Fonseca - Mostra Tua Cara

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A capital mundial do teatro



Esta semana, Belo Horizonte deixa para trás o título de capital mundial dos botequins para dar espaço ao teatro, com a 38ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de Minas Gerais. Seguramente, com dezenas de espetáculos em cartaz a preços populares, a cidade volta a movimentar milhares de pessoas em torno das artes cênicas, como faz todo ano. Tem drama, tragédia, comédia, teatro do absurdo, experimental, cabeça e ét cetera e tal. Há quase 40 anos, os produtores locais se reúnem em grande festa para celebrar as produções do ano e, também, sucessos de tempos passados – que se repetem porque caíram nas graças da plateia.

Desde garoto, não perco uma campanha de popularização do teatro. O velho Botelho, sempre ele, aplicou-me histórias inesquecíveis levadas à cena pelos artistas de BH. Na companhia do pai, conheci Maria Clara Machado (O rapto das Cebolinhas, A bruxinha que era boa, A menina e o vento, Maroquinhas Fru-Fru, O cavalinho azul, Tribobó City, Maria Minhoca, entre outros), Maurice Maeterlink (O pássaro azul), James Barrie (Peter Pan), Lyman Frank Baum (O mágico de Óz). Depois, adulto, conheci outros autores que mudaram a minha vida: Ariano Suassuna, Guarnieri, Vianinha, Shakespeare, Kafka, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Ibsen, Molière, Eugene O’Neil, Tennessee Williams, Samuel Beckett, Ionesco, Brecht, Durrenmatt e mais um monte de gente bacana.

No batente da praça, até fiz amizade com autores, atores e diretores da cidade, que me dão muito orgulho de ser mineiro. Não vou citá-los aqui porque posso esquecer algum nome e não quero cometer nenhuma injustiça. O que posso dizer é que, embora muita gente não saiba, há em Belo Horizonte muitos artistas desconhecidos do grande público, que não ficam atrás de nenhuma estrela da TV ou do cinema. Aliás, fica a dica para quem está cansado das mesmas caras de sempre… vá ao teatro ver ao vivo, amigo leitor. Depois, me diga se tenho ou não tenho razão. O Adelson nunca tinha ido ao teatro. Aí, há uns cinco anos, ele foi ver um drama na campanha de popularização e enlouqueceu: “Josiel, os caras mandam bem demais! Fiquei fã!”.

Desde então, vai ao teatro durante todo o ano. Em janeiro e fevereiro, durante a campanha, volta com amigos e familiares. Aprendeu a gostar de tudo um pouco: drama, comédia e peças para crianças. “Prefiro as histórias mais fortes, mas também gosto muito dos comediantes. Tem muita gente boa, que sabe fazer a gente se divertir no teatro”, disse, ontem, quando o assunto foi a temporada que começa amanhã. A Violeta, outra apaixonada pelo teatro, já fez lista com os espetáculos que não quer perder na campanha deste ano. Já enviou até e-mail para arrebanhar os amigos para o programa. “O que é bom tem que ser compartilhado”, justificou. Eita, Violeta!

Resolvi dedicar nossa Bandeira Dois de hoje ao teatro porque, domingo, primeiro dia de 2012, encontrei-me com amigo ator que vai estar em cartaz na campanha e achei interessante a fala dele: “Josiel, escreve lá no Aqui sobre a campanha. Não precisa falar do meu espetáculo. Quero é que as pessoas vejam que aqui, na nossa cidade, tem um movimento teatral maravilhoso, com artistas extraordinários que dão um duro danado para sobreviver da arte. Diz lá que BH não é a roça que muita gente pensa”. Taí, Zinho! A BH que a gente ama tem o maior movimento popular de teatro do Brasil.

Bandeira Dois - Josiel Botelho - 4/1/12

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